Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Franciane Bortoli - Psicólogo CRP 06/205788
Os transtornos de aprendizagem não impactam apenas a capacidade de aprender de um indivíduo.
Por apresentarem certas dificuldades que, aparentemente, os outros não possuem, quem tem uma dessas condições tende a sofrer de problemas de autoestima e autoconfiança.
Afinal, por que só ele não consegue fazer coisas? Por que a escola ou faculdade é tão difícil?
Então, quando não encontram respostas para os seus problemas com os estudos, esses indivíduos começam a pensar que são ‘burros’, ‘preguiçosos’ ou ‘incapazes’.
Por isso, em alguns casos, familiares, professores e profissionais reforçam essas crenças negativas, afastando-os da busca por um diagnóstico.
Por essas e outras razões, psicólogos explicam que é preciso tratar as dificuldades de aprendizagem com seriedade e procurar ajuda profissional.
Esta, por sua vez, não auxilia somente na capacidade de aprender, como também nos problemas de autoestima.
O que são transtornos de aprendizagem?
O transtorno específico da aprendizagem é um termo guarda-chuva que engloba várias condições relacionadas a dificuldade de aprender. Então, os déficits na aprendizagem podem se manifestar nas capacidades de leitura, escrita e matemática.
O Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais, o DSM V, define os déficits na aprendizagem como transtornos do neurodesenvolvimento.
Por isso, essas condições interferem no funcionamento do cérebro. No caso de condições relacionadas à aprendizagem, a principal interferência é na capacidade de captar e processar informações.
O transtorno específico da aprendizagem pode desencadear prejuízos duradouros em atividades que fazem uso das habilidades de ler, escrever e calcular, interferindo no desempenho acadêmico e profissional.
O diagnóstico dessas condições hoje costuma ser feito na infância em razão do avanço da compreensão das suas características.
Ou seja, é um cenário diferente do de alguns anos atrás, quando o acesso aos profissionais capazes de diagnosticar era mais limitado, assim como as informações sobre os déficits de aprendizagem.
Consequentemente, muitos adultos recebem diagnóstico tardio. Eles passam a compreender de onde vem a falta de conexão com os estudos ou as dificuldades no trabalho somente após passarem por muitos impasses.
Embora essa situação seja frustrante, é importante optar sempre por buscar um diagnóstico para que o tratamento adequado seja iniciado.
Quais são os transtornos de aprendizagem?
As condições que afetam a capacidade de aprender atuam em funções e áreas específicas, as quais, às vezes, interferem em todo o processo de aquisição de conhecimento.
Déficits na leitura e escrita, por exemplo, acarretam prejuízos em várias disciplinas, visto que são habilidades essenciais para a aprendizagem.
Para entender mais sobre os transtorno de aprendizagem, separamos os principais tipos abaixo.
Dislexia
A dislexia é um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos. Trata-se de um déficit na capacidade de leitura.
A pessoa com dislexia tem dificuldade para associar as letras com o som correspondente e organizá-las numa sequência lógica. Sendo assim, apresenta lentidão na leitura e na escrita.
A incapacidade de compreender as regras da linguagem é outra dificuldade comum desta condição.
O disléxico pode ler o texto com precisão, mas não compreender as relações entre as palavras e interpretar os sentidos profundos do que é lido.
Há outros dois tipos de dislexia: a fonológica, déficit na análise de sons e memória, e superficial, problemas no reconhecimento visual de formas e estruturas de palavras.
Disortografia
Caracterizada pela dificuldade de ortografar, a disortografia afeta, sobretudo, a escrita.
Os sintomas são semelhantes ao da dislexia, uma vez que a pessoa com essa condição tem dificuldade para elaborar um texto e escrever as palavras corretamente.
Consoantes, vogais e sílabas são omitidas ou adicionadas sem necessidade. Elas também podem ser substituídas por outras semelhantes, como é o caso da confusão entre ‘b’ e ‘p’.
Então, os erros de ortografia envolvem, ainda, acentuação incorreta, pontuação inadequada, desorganização de parágrafos e falta de clareza na expressão de ideias.
Discalculia
A discalculia envolve dificuldades tanto para solucionar problemas matemáticos quanto para identificar números e a relação entre eles.
A pessoa com essa condição não consegue compreender a magnitude da relação entre os números, então, conta nos dedos em vez de recorrer ao fato aritmético.
Não consegue aplicar conceitos para solucionar problemas quantitativos, apresenta lentidão para terminar operações e não se recorda de fatos e fórmulas matemáticas, desde simples até complexas.
Disgrafia
Semelhante à disortografia, a disgrafia é uma dificuldade específica na capacidade de escrever. Por isso, os déficits são identificados no uso da ortografia, caligrafia e construção de pensamento.
As dificuldades vêm da incapacidade de interpretar os sons da linguagem. Em outras palavras, a pessoa com disgrafia não consegue associar o som às palavras, letras e sílabas, por isso, pode trocá-las ao escrever.
A desorganização da escrita também é percebida no espaçamento irregular entre as palavras, sílabas ou letras, bem como em letras sobrepostas e caligrafia incompreensível.
Outros transtornos que afetam a aprendizagem
Embora não façam parte do grupo de transtornos específicos da aprendizagem, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) também interferem no processo de aprender.
O TDAH possui uma série de sintomas que dificulta a retenção de informação durante as aulas: ansiedade, problemas de concentração, percepção distinta da passagem do tempo, desorganização e dificuldade de memorização.
As crianças com TEA normalmente apresentam dificuldades em aprender a usar as palavras da maneira correta, postura rígida durante o dia a dia escolar (não querer fazer certas atividades ou interagir com colegas), problemas de concentração, irritabilidade e frustração diante de mudanças, entre outros.
Como identificar os transtornos de aprendizagem?
Os transtornos de aprendizagem costumam ser percebidos nos primeiros contatos com a vida escolar.
Quando a criança começa a ser alfabetizada, ela pode expressar demora na compreensão dos processos da linguagem.
Além de não conseguir ler ou escrever, a sua capacidade de associação (nome das cores, frutas, animais, etc) é reduzida. O mesmo problema pode acontecer com a introdução do cálculo no currículo escolar.
A dificuldade com as disciplinas escolares naturalmente leva a um desinteresse pelos estudos e frustração no momento de ir à escola, participar de atividades e realizar provas.
Não se trata de preguiça ou birra da criança, mas uma resposta natural a algo que ela não consegue compreender e causa sentimentos negativos.
Os problemas de aprendizagem vão além das situações pré-escolares. Ao longo da vida escolar e acadêmica, o indivíduo apresenta dificuldades de raciocínio, organização de informações, estruturação de ideias, compreensão de conceitos abstratos, entre outros déficits que atrapalham a conclusão de tarefas e atividades acadêmicas.
O indivíduo pode passar a acreditar que é burro ou “não leva jeito” para estudar, preferindo ocupar o seu tempo com outra coisa para não sofrer com o desgaste emocional e as reclamações de terceiros.
Problemas de comportamento, principalmente em crianças, são outros indicativos dos transtornos de aprendizagem.
Algumas crianças não conseguem compreender normas sociais, como esperar a vez para brincar ou desempenhar uma função para concluir um trabalho em equipe, o que resulta em problemas de socialização.
Já outras ficam irritadas com facilidade, são inquietas e não compreendem que as suas ações afetam os outros, agindo com descuido.
O que causa transtornos de aprendizagem?
De acordo com o DSM V, os seguintes fatores corroboraram para o desenvolvimento dos transtornos de aprendizagem:
- Genéticos: a reincidência de problemas de aprendizagem tende a ser notada nas famílias, principalmente quando afeta a leitura, matemática e ortografia. O risco de desenvolvimento de condições de aprendizagem é maior entre parentes de primeiro grau.
- Ambientais: algumas evidências indicam que a prematuridade e a exposição pré-natal à nicotina também podem contribuir para o desenvolvimento.
- Comportamentais: comportamentos de desatenção nos primeiros anos da vida escolar podem contribuir para dificuldades de leitura e matemática em anos posteriores.
Tem tratamento para os transtornos de aprendizagem?
Existe tratamento para os transtornos de aprendizagem!
O seu objetivo é reduzir os prejuízos provocados pelos sintomas dessas condições. O transtorno em si permanece por toda a vida, mas o seu desenvolvimento e intensidade se alteram.
São vários os fatores que contribuem para isso, como as exigências do meio, comorbidades e gravidade das dificuldades individuais.
O tratamento tende a ser multidisciplinar, envolvendo o psicólogo, psicopedagogo e psiquiatra conforme a necessidade do paciente.
O psicopedagogo é o psicólogo com especialização em psicopedagogia, área que une pedagogia e psicologia.
O foco do acompanhamento psicoterapêutico com esse profissional é a relação com a aprendizagem e estudos. Em outras palavras, ele ensina o paciente a aprender.
A organização pessoal é outro pilar do tratamento.
O paciente, independentemente da idade, aprende a montar um cronograma de estudos, organizar os materiais escolares ou acadêmicos, fazer bom uso do seu tempo para evitar atrasos e reduzir o estresse.
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Autor: psicologa Psicóloga Franciane Bortoli - CRP 06/205788Formação: A psicóloga Franciane Bortoli é especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, possui Formação em Terapia de Casal pelo Instituto Brasiliense de Análise de Comportamento e possui também Formação em Avaliação Psicológica...
Excelentes informações !
Obrigada pelo seu feedback, Gilmaria!