Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Veluma Marzola - Psicólogo CRP 06/124019
Os distúrbios alimentares são transtornos que podem atingir pessoas de qualquer idade, mas costumam ser mais comuns na adolescência. Esta fase da vida é repleta de novas descobertas e experiências, as quais podem levar os adolescentes a se deslumbrarem com coisas que não são tão saudáveis.
Esse tipo de condição deve ser levada imediatamente ao psicólogo para que os sintomas não se agravem e prejudicam a saúde mental e física dos jovens.
O que são distúrbios alimentares?
Distúrbios alimentares são condições psicológicas que interferem nos hábitos alimentares, podendo causar graves danos ao corpo. Eles estão associados à autoestima e à autoimagem.
Quando alguém não se sente bem com a sua aparência, pode recorrer a diversos recursos para modificá-la. Exercícios físicos, procedimentos estéticos, cosméticos, salão de beleza, roupas que correspondem ao seu estilo, reeducação alimentar, entre outros. Eles não apresentam risco à saúde quando feitos moderadamente.
A situação se torna patológica quando há um excesso. A pessoa com distúrbio alimentar desenvolve uma relação pouco saudável com os alimentos na tentativa de conquistar o seu corpo ideal. Mesmo quando alcança o seu objetivo inicial, ela estabelece outros cada vez mais radicais.
A comida também pode se tornar fonte de conforto para ela. Para se sentir bem consigo mesma, a pessoa com distúrbio come demasiadamente, aproveitando brevemente os efeitos “calmantes” dos alimentos. Porém, logo a ansiedade reaparece e desestrutura o seu estado emocional.
Como se pode ver, essas condições psicológicas são complexas e impactam os hábitos alimentares das pessoas de modo diferente. Para ser capaz de retornar aos seus hábitos antigos, a pessoa com distúrbio deve tratar as raízes emocionais dos seus problemas com a aparência.
Tipos de distúrbios alimentares
Os distúrbios alimentares mais conhecidos são a anorexia e a bulimia, mas existem outras condições que se encaixam nessa categoria. Segundo o DSM V, a lista de distúrbios é composta por:
- Anorexia nervosa: consiste na busca incansável pela magreza. O anoréxico pode não comer em qualquer situação ou comer pouquíssimas quantidades, sendo o suficiente somente para mantê-lo vivo. Mesmo estando perigosamente abaixo do peso, ele não consegue se forçar a comer sem ajuda;
- Bulimia nervosa: também é caracterizada pela busca pelo emagrecimento constante. O bulímico regurgita os alimentos assim que eles são consumidos para manter o peso. A longo prazo, essa condição pode desgastar o estômago e outros órgãos. Episódios de compulsão alimentar são comuns antes do vômito autoinduzido;
- Transtorno de compulsão alimentar: caracteriza-se pelo consumo excessivo e recorrente de grandes quantidades de alimentos. Ela não é seguida por comportamentos compensatórios, como o vômito ou o abuso de laxantes. Causa rápido aumento de peso;
- Transtorno de ingestão de alimentos esquivo/restritivo: com origem geralmente na infância, consiste na necessidade de escolher determinados alimentos para o consumo, restringindo a dieta. Não há preocupação com a imagem corporal, somente com o tipo de alimento devido à sua cor, sabor, textura ou odor. Pode causar deficiência nutricional;
- Picafagia: pouco conhecido, esse distúrbio é caracterizado pela ingestão de pequenos objetos. É mais comum em crianças, mas também pode ocorrer em outras fases da vida. A pessoa com pica ingere moedas, bolas de gude, pequenas pedras, terra, tinta e até objetos cortantes que podem causar danos ao corpo. Ela pode ter obstrução intestinal, intoxicação por chumbo e infestação parasitária;
- Transtorno de ruminação: esta condição também é mais comum em crianças pequenas. Consiste na regurgitação de alimentos para o seu consumo logo em seguida por repetidas vezes. Indivíduos também podem cuspir a comida antes de engolir para mastigá-la novamente. Pode levar à perda de peso e a deficiências nutricionais se não tratado.
Distúrbios alimentares na adolescência
Os adolescentes são especialmente suscetíveis a desenvolver esses distúrbios, o que os torna um grupo vulnerável. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 10% dos adolescentes sofrem dessas condições.
As meninas são estatisticamente mais propensas a desenvolvê-las que os meninos. Essa diferença se deve às pressões sociais para ter um corpo conforme determinados padrões de beleza. As meninas são mais motivadas a emagrecer e cuidar da aparência que os meninos.
Muitas vezes elas recebem mensagens de familiares, da sociedade e da mídia que as levam a crer que o seu valor como pessoa está associado à “qualidade” da sua aparência. Como adolescentes são impressionáveis e possuem pouca experiência de vida, a tendência é abraçar essas crenças prejudiciais.
Assim, as batalhas para ter o melhor corpo, o melhor cabelo e a melhor pele são constantes e travadas com outras adolescentes. Os distúrbios alimentares, neste contexto, são vistos como uma saída “rápida e fácil” para o emagrecimento e, consequentemente, o peso ideal.
Além disso, a adolescência marca os primeiros contatos dos adolescentes com o mundo. É a época de primeiras experiências e de busca de identidade, a qual pode gerar muita insegurança.
O adolescente que se sente inadequado pode buscar formas impróprias para se sentir aceito e definir a sua identidade. Por conta da falta de experiência e do pouco alcance emocional, ele não consegue perceber as consequências a longo prazo de optar por hábitos inadequados.
Tratamento para distúrbios alimentares
Vale destacar que os transtornos alimentares são desenvolvidos gradualmente e são de difícil percepção. Pessoas com essas condições sabem que estão fazendo algo “estranho” que pode ser malvisto pelos outros, então escondem os seus hábitos até o momento em que eles se tornam muito claros.
A pessoa com anorexia, por exemplo, perde uma quantidade anormal de peso em questão de meses. Ela fica tão abaixo do peso que é impossível reconhecer a sua aparência como saudável. Deste modo, os familiares, amigos e outras pessoas de seu círculo social passam a prestar atenção em seus hábitos alimentares e descobrem o distúrbio alimentar.
Da mesma forma, elas sentem uma mistura de vergonha com sensação de autorrealização. Ao mesmo tempo em que celebram a perda de peso ou se deliciam comendo excessivamente, sentem vergonha de seu comportamento. Essa também é uma razão pela qual elas escondem a sua condição.
O tratamento para os transtornos alimentares é feito com a psicoterapia e o auxílio de outros profissionais, como psiquiatra, nutricionista, endocrinologista e cardiologista, clínico geral. Enquanto o psicólogo ajuda o paciente a sair do estado psicólogo patológico e reconstruir a sua autoestima, os médicos auxiliam na recuperação da saúde física.
O paciente é orientado a fazer uma bateria de exames para investigar o estado de sua condição de saúde. Em seguida, tratamentos são recomendadas com base nos resultados dos exames, como utilização de medicamentos, suplementos, terapias possíveis e atividades para auxiliar a reeducação alimentar.
O apoio da família e de pessoas próximas é fundamental para o sucesso do tratamento uma vez que recaídas e relutâncias são esperadas. Até que o paciente compreenda que o seu valor e identidade não se resumem à sua aparência, ele precisará de incentivos e reafirmações positivas.
Prevenção para distúrbios alimentares
A prevenção dos distúrbios alimentares começa com a educação emocional. Tanto crianças quanto adolescentes devem compreender o valor de se alimentar bem e a importância de uma dieta balanceada para a saúde mental e física.
Os adolescentes, principalmente, devem ser orientados a não associar a sua autoestima, autoconfiança e amor-próprio a aspectos externos, como padrões de beleza, relacionamentos, popularidade, transgressões à autoridade e amizades.
Esses conceitos devem ter origem na percepção do adolescente sobre quem ele é, bem como seus talentos, qualidades e conquistas pessoais. É claro que alcançar essa percepção nessa fase confusa da vida não costuma ser simples. Os adolescentes tendem a considerar a opinião de terceiros mais do que as suas próprias e a de seus familiares.
Por isso, a orientação dos pais é tão importante para os filhos desde a infância. O adolescente que possui uma base familiar sólida e sempre foi incentivado a valorizar a sua personalidade tem menos probabilidade de desenvolver condições psicológicas, como transtornos alimentares, depressão e ansiedade.
É de responsabilidade dos pais também prestar atenção nos hábitos alimentares dos filhos. Veja se o seu filho adolescente está comendo bem, se está fixado por dietas restritivas, se evita sair de casa para não comer em eventos e reuniões de amigos, se tem perdido ou ganhado peso excessivamente e se não gosta de comer na frente dos outros.
Mesmo com várias orientações e as melhores intenções dos pais, contudo, o adolescente ainda pode vir a sofrer de um distúrbio alimentar. Para não incentivá-lo a se fechar sobre o assunto, seja compassivo. Converse com ele como se estivesse orientando um amigo e marque uma consulta com um psicólogo.
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