Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Franciane Bortoli - Psicólogo CRP 06/205788
A Síndrome de Tourette é uma condição do neurodesenvolvimento que traz múltiplos incômodos para as pessoas com esse diagnóstico.
Para quem observa de fora, os sintomas podem ser motivo de graça, mas, para quem precisa conviver com eles, são um desafio a ser superado, além de um motivo de desconforto social e emocional.
O que é síndrome de Tourette?
A Síndrome de Tourette, ou Transtorno de Tourette, é considerada um transtorno de tique, segundo o DSM-V.
Um ‘tique’ é um movimento motor ou uma vocalização que acontece repentina e rapidamente
Não existe um momento exato para o tique se manifestar, mas a sua ocorrência é recorrente.
O início dos tiques normalmente ocorre ainda na infância, por volta dos 4 e 6 anos.
Na pré-adolescência, entre os 10 e 12 anos, os sintomas atingem o seu ápice.
O percentual de pessoas que chegam à vida adulta com Tourette, de acordo com o DSM-V, é bem pequeno.
Assim, tanto a frequência quanto a intensidade podem variar com o passar do tempo.
Por exemplo, um indivíduo pode ter períodos sem tiques durante semanas ou até meses, mas não chega ao fim do ano sem apresentar, pelo menos, um dos sintomas dessa condição.
Os movimentos e vocalizações podem dificultar a socialização da pessoa com Tourette.
Quem não conhece os sintomas da condição geralmente se espanta quando os percebe pela primeira vez, mas, com o tempo, se acostumam e suas reações deixam de causar desconforto na pessoa com Tourette.
Assim, por conta das interrupções da fala, comportamentos e pensamentos ocasionadas pelos tiques, é comum pessoas com essa condição serem mais inseguras e tímidas que a maioria.
Entretanto, essa não é uma regra, uma vez que cada pessoa lida com os sintomas de Tourette do seu jeito.
Quais são os sintomas da Síndrome de Tourette?
Os sintomas dessa síndrome se dividem em duas categorias: tiques motores e tiques vocais.
Uma pessoa pode manifestar ambos os tipos igualmente ou ter mais tiques motores do que vocais.
Os tiques motores, por exemplo, envolvem tocar o nariz, inclinar a cabeça, piscar um ou ambos os olhos, encolher os ombros, bater no peito, sacudir o pescoço, chutar, fazer caretas, entre outros.
Os tiques vocais consistem em gritos, xingamentos, assobios, gemidos, grunhidos, uivos, cacarejos, repetição de palavras ditas por outrem, uso tons de voz diferentes, repetição de palavras de sonoridade complexa, entre outros.
Há, ainda, os tiques sensitivos, cuja manifestação não é muito comum.
Então, eles são caracterizados pela execução de movimentos ou vocalizações voluntárias na tentativa de obter alívio de certas sensações.
São elas o formigamento nos membros, a sensação de calor ou de frio em alguma parte do corpo e a sensação de leveza ou peso em algum membro.
Para ter um diagnóstico de Tourette, é preciso que ambos os tipos de tiques estejam presentes.
Se uma pessoa possui somente tiques motores, ela pode ter o Transtorno de Tique Motor.
Já se apresenta apenas tiques vocais, é mais provável que tenha o Transtorno de Tique Vocal.
Observar um gesto feito por um indivíduo ou ouvir um som emitido por outra pessoa pode levar à imitação, o que pode ser percebido de maneira incorreta como uma provocação ou deboche.
A pessoa com Tourette, no entanto, não consegue controlar a vontade de repetir o gesto ou som.
Ela, então, se frustra com a incapacidade de controlar o seu próprio comportamento e por ter causado uma situação desconfortável ou mágoa sem ter a intenção.
Qual é a causa da Síndrome de Tourette?
Não existe uma única causa para o Tourette. Vários fatores contribuem para o desenvolvimento da condição. São eles:
- Temperamentais: ansiedade, estresse e nervosismo constantes podem influenciar o surgimento da condição.
- Genéticos e fisiológicos: foram encontradas variantes genéticas raras nas famílias dos indivíduos diagnosticados com essa condição. Outros fatores identificados como possíveis influenciadores são complicações obstétricas, idade paterna avançada, baixo peso ao nascer e tabagismo materno.
Pessoas diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) possuem mais propensão de ter Tourette.
Assim, os sintomas, nesses casos, podem causar um impacto maior no comportamento.
Os transtornos de tique se encaixam na categoria dos Transtornos do Neurodesenvolvimento, assim como o TDAH e o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Tratam-se de um grupo de condições cujo início acontece no período do desenvolvimento. Por essa razão, manifestam-se cedo, antes da criança ingressar na escola.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Tourette?
Diagnosticar o transtorno de Tourette pode ser desafiador para os profissionais de saúde, uma vez que é preciso analisar com cuidado os seus sintomas para não errar o diagnóstico.
Pode demorar mais tempo para encontrar uma resposta, sobretudo, quando há outra condição agindo em concomitância.
Ainda assim, os pais já podem levar os filhos ao médico ao perceberem a existência de sintomas, como, por exemplo, movimentos e palavras involuntárias.
O diagnóstico é feito por um neuropediatria ou psiquiatra especializado.
O diagnóstico precoce é importante para que o tratamento consiga ser iniciado em uma idade pertinente e obtenha melhores resultados.
Para a criança em idade escolar, os sintomas de Tourette podem ser motivo de embaraçoso e insegurança.
As provocações dos coleguinhas podem deixar a criança retraída e desconfortável consigo mesma.
Ao iniciar o tratamento cedo, o incômodo da criança em momentos sociais pode ser minimizado.
Como tratar a Síndrome de Tourette?
Embora a Síndrome de Tourette não tenha cura, é possível controlar os sintomas mediante uso de medicamentos psiquiátricos e sessões de psicoterapia.
Ao deixá-los cientes sobre o quadro do estudante, conseguem compreender o seu comportamento ‘atípico’ e ajudar no tratamento.
Psiquiatria para a Síndrome de Tourette
Medicamentos psiquiátricos são sempre prescritos pelo médico psiquiatra.
Eles têm como função reduzir a intensidade dos sintomas que prejudicam a saúde e a qualidade de vida das pessoas.
Como esses fármacos não atuam na causa do problema, quase sempre é recomendado mudar hábitos para promover o bem-estar no cotidiano.
A prática de exercícios físicos e a mudança dos hábitos alimentares são as principais recomendações de médicos e psicólogos para um estilo de vida saudável.
Terapia para a Síndrome de Tourette
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem psicológica mais recomendada para tratar essa condição.
Ela constitui na alteração de padrões comportamentais, emocionais e de pensamento negativos por alternativas positivas.
Sendo assim, pacientes com Tourette são encorajados a desenvolver a sua atenção para as sensações e a tensão que surgem antes da manifestação dos tiques.
Ao afiarem a sua percepção, eles conseguem ter respostas rápidas, forçando uma reação física capaz de coibir ou reduzir a intensidade dos tiques.
Como a convivência com o Tourette também causa sofrimento emocional e psicológico, a terapia visando o alívio da tensão e emoções negativas é igualmente importante.
Ela é útil tanto para as crianças quanto para adolescentes e adultos que formaram memórias negativas e comportamentos inibidos em razão da reação dos outros aos seus tiques.
Além de tratar sintomas de condições de saúde mental, a terapia ajuda pacientes a se autoconhecerem, aprenderem a cuidar de si mesmos e elevarem a sua autoestima.
Os pais são convidados a participar do tratamento psicoterapêutico, principalmente no caso de crianças.
Como elas não conseguem explicar os seus desconfortos emocionais e psicológicos com clareza, os psicólogos chamam os pais para conversar e mantê-los atualizados sobre o tratamento.
A colaboração dos pais para criar um ambiente adequado para a criança ou adolescente com Tourette é essencial para o sucesso da terapia.
Eles podem ajudar os filhos com essa condição a não terem vergonha ou se sentirem inferiores por não conseguirem controlar os tiques.
Como reduzir os tiques no dia a dia?
Apesar do tratamento ser indispensável para a cura da Síndrome de Tourette, também existem atitudes que as pessoas podem adotar para reduzir a intensidade e frequência dos tiques, bem como o seu incômodo com eles.
A prática de atividades relaxantes, como, por exemplo, ioga e meditação ajudam a aliviar o estresse e a melhorar a concentração.
Em alguns casos clínicos (normalmente os com grau de gravidade reduzido), exercícios com foco no relaxamento podem ajudar a reduzir a interferência dos tiques no dia a dia.
Assim, a pessoa com Tourette consegue desenvolver uma mentalidade mais positiva sobre o seu diagnóstico.
Para receber orientações específicas para o seu caso, converse com o psicólogo ou médico psiquiatra sobre coisas que você pode fazer para tornar o seu dia a dia mais agradável.
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Autor: psicologa Psicóloga Franciane Bortoli - CRP 06/205788Formação: A psicóloga Franciane Bortoli é especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, possui Formação em Terapia de Casal pelo Instituto Brasiliense de Análise de Comportamento e possui também Formação em Avaliação Psicológica...
Excelente
Gratidão Dra