Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Franciane Bortoli - Psicólogo CRP 06/205788
Já parou para pensar na maneira como você reage aos conflitos pessoais e às adversidades naturais da vida?
Todas as pessoas possuem jeitos específicos de lidar com o estresse, a ansiedade, a raiva e outras emoções negativas.
A esses comportamentos que parecem às vezes inexplicáveis é dado o nome de mecanismos de defesa.
São eles que nos ajudam, ao nível consciente e inconsciente, a responder de modo apropriado a eventos negativos e traumas. Todavia, nem sempre esses métodos de evitar o sofrimento funcionam da maneira como deveriam ou são benéficos a longo prazo.
Segundo psicólogos, mecanismos ineficazes podem provocar mais sofrimento emocional com o passar dos anos se não forem identificados e corrigidos.
O que são mecanismos de defesa?
Os mecanismos de defesa, assim como o próprio termo indica, são meios de proteção criados pelo inconsciente para distanciar indivíduos de eventos, atitudes, sentimentos, crenças, palavras e pensamentos desagradáveis.
O conceito foi criado por Sigmund Freud, conhecido como o pai da psicanálise, e posteriormente aprofundado por sua filha Anna Freud.
De acordo com a teoria psicanalítica, os mecanismos de defesa são manifestações do ego diante de acontecimentos e fatores que geram sofrimento.
O desenvolvimento desses meios de proteção do ego acontece de maneira inconsciente.
Passamos a repetir certos comportamentos e pensamentos após vivências dolorosas e, quando nos damos conta, eles já se tornaram parte de nós. Entretanto, nem sempre eles são lógicos.
Embora tenham o objetivo de cessar a ansiedade, o medo, a culpa e a angústia, alguns mecanismos de defesa podem provocar outros sentimentos negativos ao longo do tempo.
É importante saber reconhecê-los para determinar quais mecanismos estão atuando com eficiência e quais precisam ser ajustados para que você tenha uma vida mais feliz.
Mecanismos de defesa comuns
A psicanálise já identificou mais de 15 mecanismos de defesa. Assim como o seu desenvolvimento, a sua manifestação também ocorre de maneira inconsciente.
Ao se deparar com uma situação que desperta um incômodo emocional semelhante ao do passado, o mecanismo é ativado e o indivíduo reage da maneira que, até então, têm o protegido do sofrimento.
A reação pode não ser a melhor opção, dado que pode desencadear consequências negativas em outras áreas da vida, como a profissional e a afetiva.
No momento da “ameaça”, no entanto, o mecanismo de defesa cumpre o papel de ajudar o indivíduo a lidar com conflitos emocionais.
Os meios de proteção do ego começam a fazer mal quando afastam o indivíduo da realidade, consequentemente dificultando a solução de problemas que merecem a sua atenção.
Eles podem pintar um cenário falso dos fatos, levando a erros, tomada de decisão precipitada e interpretações equivocadas dos acontecimentos e das pessoas. Dependendo da situação, os mecanismos de defesa podem até causar prejuízos à saúde mental.
Como são processos inconscientes, o indivíduo não se dá conta de que as suas reações aos acontecimentos agravam o seu sofrimento.
A psicoterapia ajuda as pessoas a alcançarem essa percepção e a melhorarem o funcionamento dos seus mecanismos de defesa.
Em seguida, confira os mecanismos de defesa mais comuns e como eles funcionam.
1. Negação
A negação é um dos mecanismos mais comuns e provavelmente o mais conhecido. Quando as pessoas não conseguem encarar a realidade e se recusam a admitir verdades óbvias, elas entram em negação.
Essa reação é comum entre quem sofre de um vício. Não raro indivíduos nessa condição recusam ajuda ou a cessar o hábito negativo, como fumar ou apostar, por negarem as suas consequências negativas.
Vítimas de acontecimentos traumáticos também podem levar tempo para aceitar a situação, embora tenham memórias de ter vivido a experiência marcante.
Enquanto essa reação pode combater a ansiedade, tristeza e estresse por um tempo, ela pode facilmente se transformar em um problema. Afinal, precisamos lidar com todo o tipo de situação no decorrer da vida, mesmo quando dolorosas.
2. Repressão
Outro mecanismo de defesa bastante comum é a repressão. Memórias de eventos desagradáveis são reprimidos a fim de proteger o indivíduo do sofrimento atrelado a eles.
Elas não desaparecem, mas ficam guardadas no inconsciente e, assim, podem influenciar o comportamento e a maneira de pensar.
Por exemplo, uma pessoa que sofreu abusos na infância pode ter dificuldade de firmar relacionamentos saudáveis na vida adulta. Sem saber o porquê, ela sabota as suas relações, esconde os seus sentimentos ou escolhe parceiros abusivos.
3. Projeção
A projeção acontece quando as pessoas transferem traços de personalidade e sentimentos que não conseguem aceitar como parte de quem são para outros indivíduos.
Dessa maneira, elas julgam o comportamento alheio com base em fatores não existentes no outro (mas em si mesmas) e com frequência chegam a conclusões errôneas sobre ele.
A projeção também pode acontecer com expectativas e desejos que uma pessoa não pode ou não consegue satisfazer. Assim, ela vive através de indivíduos que possuem aspirações semelhantes e são livres para correr atrás delas ou que conquistaram o que ela gostaria de ter.
4. Formação reativa
Este mecanismo de defesa consiste em expressar o sentimento oposto ao que se sente, deseja ou pensa para reduzir a ansiedade.
O fator causador da ansiedade costuma ser protegido pela mente inconsciente e o indivíduo tem dificuldade para identificar a sua existência. Logo, para os outros, ele pode passar a imagem de ser hipócrita.
Um exemplo é quando um indivíduo desgosta de outro por conta de sua personalidade, crenças pessoais, sexualidade, nacionalidade, entre outros.
Em vez de expressar esse sentimento, ele o trata bem para esconder o que sente de verdade. Ele também pode destratá-lo por secretamente desejar ser como ele e precisar se distanciar para não encarar esse desejo.
5. Racionalização
A racionalização envolve criar explicações lógicas para justificar um comportamento ou sentimento difícil de aceitar.
Quando um profissional não consegue a promoção que tanto deseja, por exemplo, ele pode dizer que não estava, de fato, interessado no cargo ou que o chefe tomou uma decisão errada e vai se arrepender.
O mesmo acontece quando as pessoas tentem justificar as suas inseguranças e medos, procurando uma razão para continuar apegadas a elas.
Normalmente, as justificativas colocam a culpa no outro, impedindo que as pessoas percebem a sua parcela de responsabilidade nas situações e cresçam como indivíduos.
6. Regressão
Este mecanismo de defesa foi estudado extensivamente por Anna Freud. Segundo a psicanalista, as pessoas às vezes voltam a expressar comportamentos presentes nos estágios iniciais de seu desenvolvimento, como na infância ou adolescência.
Elas podem chorar copiosamente, ficar emburradas, comer excessivamente e recorrer a ofensas quando confrontadas por uma situação ruim.
7. Deslocamento
Outro mecanismo de defesa bastante comum é o deslocamento. Ele leva as pessoas a deslocarem as emoções para uma representação de quem ou daquilo que o causou.
Quando alguém tem um dia ruim no trabalho e desconta a raiva em seus familiares, que nada tem a ver com a situação, ele está deslocando o sentimento negativo para um alvo “mais seguro”, pois sua vida profissional não sofrerá repercussões.
8. Sublimação
A sublimação é a maneira de lidar com situações estressantes ou traumáticas descarregando sentimentos negativos, como a frustração e a raiva, de maneira positiva.
Também pode ser definida como a transformação de desejos inapropriados em conceitos mais fáceis de administrar.
Por exemplo, uma pessoa extremamente irritada ou estressada com uma situação pode expressar essas emoções ao praticar boxe, desabafar ou meditar.
Dessa maneira, ela não sucumbe a vontade de gritar ou brigar com alguém.
Freud acreditava que esse mecanismo de defesa é um sinal de maturidade emocional, além de permitir que as pessoas convivam em sociedade de maneira apropriada.
9. Intelectualização
Semelhante à racionalização, a intelectualização é caracterizada pela visão racional e calculista de eventos ruins. Esse meio de proteção previne o apego aos aspectos emocionais de uma situação negativa, como a tristeza e medo. A atenção é transferida somente para os aspectos lógicos.
Um exemplo é quando uma pessoa recebe o diagnóstico de uma doença e, em vez de procurar saber sobre os sintomas, ela foca em outros fatores. Dessa maneira, consegue evitar o estresse provocado pelo conhecimento aprofundado da patologia.
10. Compensação
A insegurança acerca de uma área da vida pode levar as pessoas a “compensarem” a falta de aptidão, conhecimento ou até de sorte em outras.
Por exemplo, quem tem dificuldade nos estudos pode tentar compensar isso no trabalho ou em traços da sua personalidade. Assim, consegue equilibrar as suas qualidades e defeitos e aliviar a culpa ou ansiedade por não conseguir obter excelência em uma determinada área.
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Autor: psicologa Psicóloga Franciane Bortoli - CRP 06/205788Formação: A psicóloga Franciane Bortoli é graduada há 15 anos, é especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, possui Formação em Terapia de Casal pelo Instituto Brasiliense de Análise de Comportamento e possui também Formação em Avaliação Psicológica...
Thaiana, você escreve artigos muito interessantes, com qualidade e explorando até mesmo detalhes com exemplificação que facilitam o entendimento. Sempre leio e releio seus artigos. Parabéns pelo desempenho e colaboração.
Olá João! Obrigada pelo seu comentário, fico contente que o conteúdo seja útil para você. Se tiver interesse, você também pode assinar gratuitamente a nossa newsletter para receber todos os conteúdos que são publicados em tempo real! Basta se inscrever clicando neste link: https://www.psicologosberrini.com.br/newsletter. Espero que você goste!
Excelente texto. Deu para atualizar meus conhecimentos sobre o assunto.
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João de Oliveira
Texto bem feito e bastante interessante, permitiu recapitular os conhecimentos anteriores.
parabéns…
Olá! Ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo!