Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Franciane Bortoli - Psicólogo CRP 06/205788

A infância é um período determinante para a formação da identidade, pois é nessa fase que a criança desenvolve sua percepção sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo.
No entanto, quando essa trajetória é marcada por experiências traumáticas, os impactos podem se estender até a vida adulta. Por conta disso, pode-se dizer que os traumas de infância afetam nos seguintes pontos:
1. Formação da autoestima
A autoestima começa a se desenvolver na infância, sendo influenciada diretamente pelas experiências e pelo ambiente familiar. Crianças que crescem em lares onde recebem apoio emocional, encorajamento e reconhecimento tendem a formar uma autoimagem positiva.
No entanto, quando há experiências traumáticas, como abuso emocional, físico ou negligência, a criança pode crescer sentindo que é inadequada, incapaz ou indigna de amor, tendo também dificuldade de receber elogios. Essas crenças negativas sobre si mesmas podem persistir na vida adulta, afetando a forma como lidam com desafios, relações e oportunidades.
Pessoas que sofreram traumas na infância podem ter dificuldade em reconhecer suas qualidades, duvidando constantemente de si mesmas. Isso pode levá-las a evitar situações em que precisem se expor, como assumir responsabilidades no trabalho ou expressar opiniões em grupos sociais, por medo de rejeição ou fracasso.
2. Dificuldades na construção de relacionamentos
O modo como uma criança se relaciona com seus cuidadores influencia a forma como ela desenvolverá vínculos na vida adulta. Traumas infantis podem gerar insegurança e desconfiança nos relacionamentos, levando a dificuldades para estabelecer conexões saudáveis.
Isso pode se manifestar de diferentes formas, como o medo de se apegar emocionalmente, a busca constante por validação ou até mesmo a repetição de padrões abusivos.
Por exemplo, uma pessoa que sofreu rejeição ou abandono na infância pode desenvolver apego ansioso, tornando-se dependente emocionalmente de parceiros ou amigos, sendo mais suscetível a sofrer com manipulações emocionais. Por outro lado, alguém que cresceu em um ambiente instável pode desenvolver um padrão de evitação, afastando-se de relações íntimas para evitar sofrimento.
3. Desenvolvimento de mecanismos de defesa
Diante de traumas, a criança pode desenvolver mecanismos de defesa para se proteger emocionalmente. Esses mecanismos podem incluir repressão de emoções, negação da realidade ou o desenvolvimento de uma persona socialmente aceitável que esconde a verdadeira dor interna.
Na vida adulta, esses mecanismos podem se tornar disfuncionais. Por exemplo, uma pessoa que aprendeu a ignorar seus sentimentos pode ter dificuldades para expressar emoções genuínas, prejudicando sua comunicação e empatia nos relacionamentos. Outros podem adotar um comportamento agressivo ou defensivo, dificultando a construção de laços profundos e de confiança.
4. Influência na escolha profissional e acadêmica
O impacto do trauma também pode se refletir na vida acadêmica e profissional. Crianças que cresceram sem apoio emocional podem internalizar a ideia de que não são boas o suficiente, levando a baixa motivação e dificuldades de aprendizado. Algumas podem evitar sair da zona de conforto e desafios intelectuais por medo de fracassar, enquanto outras podem buscar excelência extrema para compensar inseguranças.
Na vida adulta, isso pode resultar em dificuldade para escolher ou manter uma carreira. Algumas pessoas podem mudar frequentemente de emprego por não se sentirem capazes, enquanto outras se tornam perfeccionistas, buscando aprovação constante de chefes e colegas para suprir a necessidade de validação que não tiveram na infância.
5. Impacto na regulação emocional
A regulação emocional é um aspecto essencial do desenvolvimento humano e pode ser profundamente afetada por traumas infantis. Crianças que não receberam orientação para lidar com emoções acabam desenvolvendo dificuldades para reconhecer, nomear e processar sentimentos de forma saudável.
Na vida adulta, isso pode levar a explosões emocionais inesperadas, dificuldades para lidar com críticas ou uma tendência a evitar conflitos de maneira extrema. Pessoas com histórico de trauma podem se sentir frequentemente sobrecarregadas por emoções como medo, raiva ou tristeza sem entender completamente a origem desses sentimentos.
6. Formação da identidade e crenças sobre o mundo
Os primeiros anos de vida moldam a percepção que uma pessoa tem sobre si mesma e sobre o mundo. Traumas infantis podem distorcer essa visão, fazendo com que o indivíduo enxergue o mundo como um lugar perigoso e imprevisível. Isso pode levar a uma identidade fragmentada, na qual a pessoa não se sente segura para expressar quem realmente é.
Por exemplo, alguém que cresceu em um ambiente rígido ou controlador pode desenvolver uma personalidade voltada à obediência extrema, com medo de expressar desejos e opiniões próprias. Outros podem buscar constantemente aprovação externa, moldando sua identidade com base no que acreditam que os outros esperam deles.
7. Propensão a repetir padrões de comportamento
Muitas pessoas que passaram por traumas na infância, sem tratamento adequado, acabam repetindo padrões disfuncionais na vida adulta. Isso pode ocorrer porque o cérebro humano tende a buscar familiaridade, mesmo quando essa familiaridade é prejudicial.
Por exemplo, uma pessoa que cresceu em um ambiente de agressões pode se envolver em relacionamentos abusivos sem perceber, pois essa dinâmica lhe parece “normal”. Da mesma forma, alguém que enfrentou negligência emocional pode acabar se relacionando com pessoas emocionalmente indisponíveis, repetindo um ciclo de frustração e carência.
8. Desenvolvimento de transtornos psicológicos
A relação entre traumas infantis e transtornos psicológicos é amplamente estudada. Experiências adversas na infância aumentam significativamente o risco de transtornos como ansiedade, depressão, transtorno de personalidade borderline e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
O trauma pode deixar marcas profundas na forma como o cérebro processa emoções e reage a situações de estresse. Pessoas que passaram por experiências traumáticas podem apresentar sintomas como hipervigilância (estado constante de alerta), crises de pânico, baixa tolerância à frustração e dificuldade para estabelecer uma rotina estável.
9. Dificuldades na tomada de decisões
A insegurança gerada por traumas pode impactar diretamente a capacidade de tomar decisões. O medo do erro, muitas vezes associado a experiências de punição ou rejeição na infância, pode fazer com que a pessoa tenha extrema dificuldade em escolher caminhos na vida.
Isso pode se manifestar tanto em aspectos cotidianos, como decidir o que comer ou vestir, quanto em decisões mais complexas, como mudar de carreira ou iniciar um novo relacionamento. Em muitos casos, a pessoa busca constantemente a opinião dos outros antes de agir, pois sente que não pode confiar no próprio julgamento.
10. Possibilidades de superação e ressignificação
Apesar das dificuldades causadas pelos traumas, a identidade não é algo fixo e imutável. Com o apoio adequado, é possível ressignificar as experiências do passado e construir uma identidade mais saudável. Terapia, autoconhecimento e redes de apoio desempenham um papel fundamental nesse processo.
A superação de traumas envolve reconhecer a dor vivida, compreender seus impactos e desenvolver estratégias para lidar com desafios emocionais de maneira mais equilibrada. Muitas pessoas que passaram por traumas na infância conseguem transformar suas experiências em força, desenvolvendo resiliência, empatia e um senso profundo de propósito na vida adulta.
Se você sente que precisa lidar com traumas de infância, é recomendável fazer acompanhamento psicológico. Procure um profissional na plataforma Psicologo.com e comece a fazer terapia o quanto antes!
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Autor: psicologa Psicóloga Franciane Bortoli - CRP 06/205788Formação: A psicóloga Franciane Bortoli é especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental, possui Formação em Terapia de Casal pelo Instituto Brasiliense de Análise de Comportamento e possui também Formação em Avaliação Psicológica...