Espero que você goste desse artigo. Se você quiser, conheça os psicólogos que atendem em São Paulo presencialmente e também online por videochamada. Autor: Psicóloga Veluma Marzola - Psicólogo CRP 06/124019
A depressão é uma condição que afeta todas as áreas da vida de uma pessoa. A abundância de sentimentos negativos modifica o humor e a saúde física, bem como estimula pensamentos autodepreciativos.
Sendo assim, a maneira como o depressivo interage com a vida muda consideravelmente. A dinâmica dos relacionamentos também se modifica e a convivência pode ficar complicada.
Algumas pessoas podem acreditar que é impossível ter um relacionamento saudável com alguém com depressão (ou qualquer outra condição psicológica), mas isso não é verdade.
Assim como em outras situações influenciadas por problemas conjugais, o casal pode construir uma boa convivência e aprender a resolver ocasionais impasses juntos.
Compreendendo a depressão
Embora a depressão apresente um conjunto de sintomas, ela não é uma condição estática. Cada indivíduo experimenta os sintomas de modo único.
Alguns têm dificuldade para executar tarefas diárias e cuidar da higiene pessoal enquanto outros levam vidas funcionais, embora tenham problemas para dormir bem.
É difícil determinar como cada um reagirá à depressão, por isso, os cônjuges não devem comparar a maneira como seus parceiros lidam com os sintomas.
O ideal é aprender sobre os sintomas da depressão e reconhecer quais são os mais presentes no parceiro.
Afinal, existem muitos mitos sobre essa condição! Se você está em um relacionamento com uma pessoa depressiva, pode ficar assustado ou confuso em razão das ideias equivocadas que cultivou até então. Conhecer os sintomas, portanto, é essencial.
Os principais sintomas da depressão são:
- Letargia;
- Tristeza constante;
- Desinteresse em atividades que antes gostava;
- Irritabilidade;
- Crises de choro repentinas;
- Insônia ou excesso de sono;
- Pensamentos autodepreciativos;
- Dificuldade de concentração;
- Mudanças no apetite; e
- Sentimento de desesperança.
Quando a depressão está em estágio grave, a pessoa depressiva pode ter pensamentos de automutilação ou de suicídio. Neste caso, é indispensável buscar ajuda médica e psicológica para remediar a situação.
Como a depressão afeta os relacionamentos?
Relacionamentos não são apenas formados por amor, respeito e companheirismo, embora esses sentimentos sejam essenciais para uma relação saudável.
Relacionamentos também requerem muita disciplina e esforço de ambos os parceiros para a superação de problemas e obstáculos emocionais.
Casais precisam tomar decisões conscientes acerca de suas despesas, vidas profissionais, divisão de afazeres domésticos, criação dos filhos, objetivos pessoais e relações familiares.
Quando um dos cônjuges tem depressão, o processo de tomada de decisão costuma ser mais complicado.
O estado da saúde mental da pessoa depressiva pode aumentar o número de conflitos e a sensação de vulnerabilidade emocional.
Situações comuns podem gerar reações imprevisíveis e discussões simples podem adquirir proporções catastróficas.
Além disso, é comum a pessoa que se relaciona com alguém com depressão sentir constante frustração por não conseguir ajudar o parceiro e/ou compreender os seus comportamentos. Ela pode ter os seguintes questionamentos no dia a dia:
- Como é ter depressão?
- Como o meu cônjuge lida com ela?
- Será que ele/ela está infeliz no relacionamento?
- Como posso ajudá-lo a se sentir bem?
Por conta disso, o bem-estar emocional do cônjuge que não tem depressão pode ser afetado.
Uma pesquisa publicada no BMC Public Health, plataforma norte-americana de artigos científicos sobre saúde pública, identificou que cônjuges de pessoas com depressão são mais suscetíveis a manifestar sintomas de ansiedade e depressão.
Logo, é preciso cuidar da saúde mental tanto da pessoa depressiva quanto do cônjuge sem histórico de diagnósticos.
Como se relacionar com alguém com depressão?
Relacionamentos afetivos são muitas vezes tratados como portos seguros. Como, então, se sentir confiante e seguro em uma relação assim? Isso é realmente possível? A resposta é sim, é possível.
A depressão pode causar problemas que desgastam a relação, mas, ao se dedicar a estudá-los e solucioná-los, o casal consegue criar uma base sólida para o relacionamento.
Quando uma pessoa amada possui uma condição de saúde mental, é preciso compreender que suas condutas, decisões e modo de falar são influenciados pelos sintomas.
Deste modo, você precisa ter paciência para lidar com ela e compreender o raciocínio por trás de suas ações.
Embora a depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, síndrome do pânico e outras condições modifiquem o modo de vida de quem as têm, não significa que esses indivíduos são incapazes de ter uma vida boa!
Afinal, eles são mais do que a sua condição de saúde mental. São definidos por suas personalidades, gostos e aspirações, elementos que provavelmente atraíram seus cônjuges e os estimularam a permanecer no relacionamento.
Abaixo, confira dicas que podem ajudar pessoas que se relacionam com alguém com depressão!
1. Aprenda sobre depressão
O primeiro e principal fator é estudar sobre depressão para compreender como essa condição afeta as pessoas depressivas.
Como os sintomas modificam o seu humor, comportamento, sentimentos e jeito de pensar? Quais são os tratamentos para depressão disponíveis? Como reagir aos sintomas mais intensos?
O conhecimento vai ajudá-lo a traçar planos de ações para ajudar o cônjuge e, ainda, compreender como ele se sente. A empatia neste caso deve ser uma constante para tornar a relação mais agradável.
Como existem muitos mitos e até certo preconceito com a depressão, procure sempre por fontes oficiais, como sites de psicologia ou de terapia, psicólogos, psiquiatras, livros e pesquisas científicas, livros de memórias de indivíduos com depressão (ótima opção para entender a condição através de uma perspectiva mais pessoal!), sites de instituições de saúde, entre outros.
2. Lembre-se de cuidar de si mesmo
Pratique o autocuidado para não se sentir sobrecarregado. Se você não estiver bem, como conseguirá ajudar o seu parceiro e cuidar de si mesmo ao mesmo tempo? A sua saúde mental também precisa de atenção!
Faça exercícios físicos, saia para passear na cidade, pratique meditação, desenvolva um hobby interessante e preserve as suas amizades.
Essas práticas ajudam a cuidar do bem-estar no cotidiano e, ainda, descarregar sentimentos negativos e estresse.
Se achar necessário, você pode buscar ajuda psicológica para aprender a lidar com a depressão do seu cônjuge e cuidar da própria saúde mental.
Você pode até mesmo fazer sessões de terapia de casal com seu parceiro para melhorar a dinâmica do relacionamento.
3. Foque no encorajamento
A primeira reação ao ouvir alguém compartilhar os seus problemas costuma ser aconselhá-la a lidar com eles.
Todavia, dizer coisas como “você deveria sair mais de casa” ou “você deveria ver mais pessoas” podem fazer com que a pessoa depressiva se sinta mal.
Lembre-se que pequenas tarefas são extremamente cansativas para quem tem depressão. Elas não as evitam porque são preguiçosas ou não se importam, mas porque não encontram energia para executá-las.
Em vez de oferecer esses conselhos, convide-a para passear, praticar uma atividade física, fazer um curso ou encontrar um velho amigo.
Pergunte “você já considerou fazer terapia?” no lugar de “você deveria fazer terapia!”. Essa súbita mudança ajuda a pessoa depressiva a lutar contra pensamentos autodepreciativos.
4. Reconsidere a forma como você se comunica
Uma forma de ajudar o seu cônjuge com depressão é modificar a maneira como você se comunica com ele. Quando ele/ela falar coisas como:
- “Eu não consigo fazer nada certo”;
- “Eu poderia desaparecer e ninguém iria me importar”;
- “Eu sou entediante”;
- “Eu não entendo porque você gosta de mim”; e
- “Eu nunca vou conseguir melhorar”.
A sua primeira reação pode ser tentar contrariar o que ele diz, afirmando que essas crenças estão erradas.
Apesar da sua intenção ser a melhor de todas, o seu cônjuge pode se sentir como se seus sentimentos não são válidos e que, de fato, ele sempre pensa da maneira errada.
Sendo assim, tente validar o que ele está sentindo sem concordar com essas afirmações.
Além disso, lembre-se de combater as palavras negativas dele com positivas para ajudá-lo a subitamente modificar a sua mentalidade acerca da vida.
Por exemplo, você pode dizer: “Eu sei que você está se sentindo triste/irritado/desanimado. Você está fazendo o melhor que pode e eu admiro a sua determinação” ou “Eu sei que a depressão faz com que você se sinta assim, mas estou aqui para você sempre que precisar”.
5. Seja flexível
A depressão é uma condição psicológica complexa. Quando você está em um relacionamento com alguém com depressão, deve cultivar a flexibilidade.
Nem sempre as coisas irão funcionar de acordo com seus planos. Mesmo quando tudo parecer estar indo bem, um imprevisto pode fazer com que seus esforços para ajudar pareçam insignificantes. Isso não é verdade!
Lembre a si mesmo que o seu parceiro atualmente está lidando com uma condição que afeta o humor e comportamento. Todas as suas ações ajudam de alguma forma, embora ele não demonstre.
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Muito bom
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Gostaria apenas de parabenizar pelo excelente texto e abordagem absurdamente lúcida de um assunto raro na internet. A grande imprensa (e mesmo os materiais produzidos por profissionais da área de saúde) praticamente culpabilizam o/a cônjuge/companheiro/a pelo agravamento do estado, sem dizer o que ele/a devem fazer. As pessoas que realmente querem ajudar se sentem profundamente culpadas por muitas vezes não visualizar NENHUM resultado em suas intervenções. Penso que essas pessoas deveriam ser orientadas com um pouco de acolhimento, o que seu texto faz. Parabéns!
Olá! Ficamos contentes que tenha gostado do conteúdo.